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Balada do Amor Integral
Sentir que juntos nos transformamos,
o novo ano promessando,
de novo a sala de aula
e o hábito de ver-se
matinalmente.
Algo em nós mudou,
evolui, amadureceu;
o meu amor por ti
e a certeza
de uma afinidade qualquer.
Sei que não me amas
— pouco importa —
e eu nada exijo de ti,
basta-me saber que me estimas
e que nos acostumamos,
que plantamos raízes.
Ver-te de novo,
sentir-te, palpar as mudanças
da puberdade em teu corpo,
como obra minha.
Os teus olhos pequeninos,
risonhos,
teus dentes pequeninos;
a boca pequena,
carnuda,
teu corpo juvenil,
algo apologético;
teu cabelo liso e brilhante,
castanhos, inclinados
em mechas amarelas;
teu rosto fino;
o delicado nariz na mutação
e a morenez, algo pálida,
de tua face imberbe.
Revejo-te
com prazer tamanho,
sem apelar
para esteticismos ortodoxos:
amo-te
e é quanto basta.
Se não és criança
encantada
e mágica
de quando nos conhecemos
— no teu aniversário —
não te amo menos por isso.
(Rio de Janeiro, 11.01.1965)
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